quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Notícia: Equoterapia traz benefícios a portadores de esquizofrenia.

 

Sabrina Lombardi Martinez Breslau

Original publicado em 08/01/2013 15:00

Deniele Simões

A esquizofrenia é um distúrbio de ordem psicológica que afeta cerca de 1% da população mundial. O transtorno pode causar delírios e alucinações, assim como levar ao enfraquecimento ativo e à perda de vontade e da autoconfiança.

Sabrina destaca que equoterapia pode auxiliar no tratamento de diversas patologia

Existe uma série de procedimentos para o tratamento dos sintomas da esquizofrenia, como o uso de medicamentos e a psicoterapia. Porém, o que muita gente não sabe é que a equoterapia pode ser uma importante aliada. A técnica é baseada no contato do paciente com o cavalo.

A fisioterapeuta Sabrina Lombardi Martinez Breslau fala dos benefícios da prática para o controle da esquizofrenia e de outras patologias. Ela é autora do livro A equoterapia aplicada no tratamento da esquizofrenia, lançado recentemente pela Editora Idéias & Letras.

Jornal Santuário de Aparecida – O que é a esquizofrenia e como a equoterapia pode contribuir para combater os sintomas negativos desse distúrbio?

Sabrina Lombardi Martinez Breslau – A esquizofrenia é um distúrbio de ordem psicológica e a equoterapia pode beneficiar no controle desses pacientes, fazendo com que consigam retornar à sociedade de uma maneira mais dentro da realidade, de modo que consigam executar as atividades diárias e ter uma rotina de vida mais próxima da realidade.

JS – Existe um limite de idade?

Sabrina – Não há um limite de idade para nenhum tipo de paciente ou praticante de equoterapia. A idade não é um fator que contraindique, mas o surto frequente, a obesidade e pacientes com escaras podem contraindicar o atendimento. E, no caso da criança, a indicação é a partir de dois anos, após um exame de raio-x de coluna vertical para constatar alguma instabilidade ou não.

JS – Você é autora de um livro que conta sua experiência com equoterapia no tratamento da esquizofrenia. Como surgiu a ideia de escrever a obra?

Sabrina – A ideia surgiu depois do atendimento com um grupo de pacientes esquizofrênicos. Logo após, foram obtidos resultados como a melhora do controle dos surtos, diminuição do estresse dos pacientes, melhora na concentração e na autoestima. A partir daí, eu sentei e comecei a escrever o livro.

JS – A quem se destina essa publicação?

Sabrina – A obra foi escrita de uma forma bem simples. É bem fácil de ser compreendida, tanto para os familiares dos pacientes esquizofrênicos quanto para os profissionais da área da saúde.

JS – Conte sobre sua experiência com a equoterapia.

Sabrina – Trabalho com equoterapia há mais de 12 anos. Comecei a fazer atendimento na cidade de Araçatuba (SP) e lá fiquei por seis anos. Trabalhei também na Universidade de São Paulo em Piracicaba (SP), na Esalq, no projeto de equoterapia. Tive experiência na Apae de São Manoel (SP) e atualmente resido na cidade de Bauru (SP), onde tem o Centro de Equoterapia Bauru, que funciona na Fazenda Santa Rosa. Também tenho praticantes no Centro de Equoterapia Estrela de Davi, na Apae de Agudos (SP).

JS – Você acredita que a equoterapia é bem difundida no Brasil?

Sabrina – É preciso haver um pouco mais de colaboração da mídia para divulgar a equoterapia a todas as pessoas. Essa prática existe há mais de 20 anos no Brasil, mas ainda necessita de apoio da imprensa para poder crescer.

JS – Como você avalia o acesso ao tratamento?

Sabrina – A equoterapia torna-se um pouco mais onerosa porque, no atendimento para uma pessoa, há a despesa do local, do cavalo, de dois terapeutas e de mais um auxiliar.

Esse é o motivo de ser uma terapia um pouco mais cara. Mas, a partir do momento que as pessoas compreendem que são dois profissionais na área da saúde, mais um cavalo terapeuta que vão fazer o atendimento, começa-se a enxergar o porquê, às vezes, desse valor um pouco mais caro. Uma sessão de equoterapia custa, em média, R$ 100.

Hoje já existem grandes centros que contam com o apoio de prefeituras e de empresas. Com isso, consegue-se fazer um trabalho com descontos.

JS – Por que o cavalo é o animal indicado para essa terapia?

Sabrina – Primeiramente, porque o passo do cavalo vai passar um movimento tridimensional para o paciente. Ou seja, vai estimular, ao mesmo tempo, o movimento para cima, para baixo, para a esquerda e para a direita, além da rotação de quadril. Tudo isso, simultaneamente, vai simular o caminhar humano. Daí vêm as melhoras, em nível motor.

E o fato de o cavalo, bem preparado, ser um animal dócil e calmo vai transmitir para o paciente esse recurso positivo de mansidão.

Um outro fator também é que o paciente consegue sentir poder em cima do cavalo, porque fica em um nível superior de quem está em baixo e pode conseguir realizar atividades que não conseguiria se estivesse embaixo.

No exemplo de um paciente cadeirante, se você o leva a um sítio ou uma chácara e pede para ele pegar uma fruta em cima de uma árvore, pode não conseguir por ser cadeirante. Mas, em cima do cavalo, ele ganha uma infinidade de possibilidades, como conhecer o lugar onde está, e chegar até uma fruta em uma árvore. Em uma cadeira de rodas, talvez isso fosse impossível.

JS – Para que tipo de distúrbios a equoterapia é indicada?

Sabrina – Além dos pacientes com distúrbios psicológicos, os benefícios também se estendem aos portadores de Síndrome de Down, aos autistas, crianças com distúrbios de aprendizagem e de atenção, pacientes hiperativos, com sequelas de paralisia cerebral, de traumatismo cranio-encefálico, de acidente vascular cerebral, entre outros. São diversas patologias que podem obter progressos com a equoterapia, somada a outras técnicas como a fisioterapia convencional, a psicoterapia, a psicopedagogia e a fonoaudiologia.

Fonte: jornalsantuario.wordpress.com

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